não há tempo “pra” nada.
afinal, o tempo nos enfada.
enchendo-nos com o vazio da realidade.
De que será o proveito do homem virtuoso,
se este mesmo ao pó voltará?
No máximo um tesouro enganoso,
que a traça e a ferrugem roerá.
Onde, então, se encontra o concreto,
que o relativo se fez encarar?
”O Absoluto se refugia em Sião”,
diz o sábio de perfeito pensar.
Se o imutável, então existe;
a morte não lhe encontrou.
Onde está, ó morte, a tua vitória
sobre este que de vida abundou?
Um comentário:
Estas questões são "Salomônicas" mas foram também abordadas pelos estóicos, como Sêneca. O problema do proveito da virtude ou que vantagem se leva em fazer o bem. Vendo pelo lado religioso o proveito está na salvação (ou em evitar a danação). Uma questão porém se põe: Que valor há em se praticar o bem visando a recompensa? Digo que o bem é a sua própria recompensa. Mesmo que nem a salvação seja obtida (e Calvino diz que nenhuma obra aproveita ao homem se não for um eleito), ainda assim o bem há que ser perseguido.
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