Dormi...
Eu me vi em um carro, estava no banco de carona com a Ana minha vizinha de BH, ela dirigia. Voltávamos para casa. A Ana é uma ótima pessoa, ela é atenciosa e uma cristã verdadeira. Ela me perguntou se estava com fome, eu concordei e ela parou o carro para fazermos um lanche para depois prosseguirmos. Os nosso caminhos dali em diante seriam diferentes apesar do mesmo destino; eu iria a pé e ela ainda passaria de carro pela universidade antes de prosseguir. Estava em BH, olhei as opções do subway e fiz o meu pedido, estava tudo muito tranquilo.
Tendo comido me despedi da Ana e segui meu caminho.
//Este primeiro momento representa meu tempo em BH, quando estava bem acompanhado, estava seguro e tinha boa comida espiritual ao meu alcance.
Minha caminhada me levaria a uma região perigosa... não me agradava aquilo, justo no momento que eu mais precisava de um carro e de companhia eu teria de enfrentar uma região perigosa sozinho. Passaria em frente a uma loja de tecidos, daquelas que rolos e mais rolos são empilhados e por vezes deixam cortinas de variadas cores escaparem pela faixada da loja... reparei bem nas feições das pessoas, o clima estava tenso. Quando cruzei a entrada principal entendi o que se passava, num breve instante eu vi e logo desviei o meu olhar com aversão do corpo de um policial e de um lojista que estavam estirados no chão.
Haveriam mais mortos? Porque os mataram? Não sei.. preferi não olhar mais, pelo contrário fixei meus olhos para o caminho que deveria seguir e acelerei o passo. Apesar dos olhos fitos no caminho a mente estava naquela cena horrível! Naquela região a explicação certamente se deveria ao crime organizado. As vezes parece que o mal sempre dá o seu jeito de se não tirar vantagem, ao menos fazer o justo pagar mais caro! E era isso que estava acontecendo, quem deveria estar perseguindo quem? O policial perseguir o bandido ou o bandido perseguir o policial? Que raiva, que ódio... o justo pagando pelo pecador! Porque que o caminho de volta para casa tem de passar por aqui? Isso me deixa revoltado com o caminho, com o mundo e sim, com Deus... Deveria voltar lá e ajudar? Aff... numa região onde até policial morre para bandido e nós meros cidadãos comuns o que podemos fazer? Aff..
//Meus últimos tempos de BH e agora em TO eu passei por maus bocados. Me feri muito em ver "o mal prosperando" e o "justo sofrendo". Ainda vivo este tempo de reconhecer isso e tentar não acentuar a crise interna q isso gera em mim. Esta parte do sonho Deus confirma para mim, e não nega, a minha percepção de que o mal prospera e o justo paga a conta. Ele me mostrou que me poupou de ver muito mais ao me permitir acelerar o passo e não ficar olhando para a cena do crime.
O caminho de volta para casa é árduo, eu pensava... mas caramba! precisava ser assim? Bem, eu prossegui, certamente caminhar seria melhor que ficar por ali. Logo em frente eu me vi entrando em uma gruta. Desta vez parece que outros, que eu não conhecia, caminhavam no mesmo sentido. O caminho da gruta ia se afunilando e afunilando até que o teto forçava os caminhantes a ficar tão prostrados que somente arrastando o rosto no chão poderia prosseguir. A primeira vista eu achei q o caminho estava em seu fim, se eu não tivesse visto alguns que seguiam a minha frente passar por um buraco tão estreito eu provavelmente nem acreditaria que a gruta daria passagem. Alí, em caminhada solitária, haviam outros que passavam pela fenda e isso me confortava.
De rosto em terra, eu, peregrino Ivo David também passei.
//Esta parte do sonho, de forma bem pitoresca, Deus me mostrou que eu caminho um caminho estreito que exige a humildade e fé. Não vemos o que está do outro lado! Olhando assim até parece que não dá p passar pela gruta de tão estreita! Mesmo assim temos exemplos de pessoas que ja passaram para o outro lado e isso pode ajudar a gente a firmar a nossa fé!
Do outro lado da fenda a luz era escassa, haviam outras pessoas. Porque estavam paradas? A caverna se estendia adiante quase como um túnel. No chão afrente a neblina cobria alguma coisa que todos temiam pisar. A intuição dizia que era água, mas quem se arriscaria? Quantas coisas poderiam estar ocultas na agua que seriam o fim de qualquer um de nos? As pessoas se acumulavam, alguns tentavam escalar pelas paredes ou o teto do túnel. Ninguém queria se arriscar com o que estava no chão.
Um após o outro tentavam escalar e caiam ainda na segurança da margem daquela nuvem maldita. "Eu ja fui treinado." pensei, "se alguém vai conseguir passar por aqui, vai ser eu" e com as mãos na parede fria e úmida comecei a escalar. Na hora eu nem percebi o quão prepotente e cheio de orgulho foi aquele pensamento, agora eu vejo. Os outros observavam atentamente para repetir a proeza.. eu conseguira ir mais longe que os outros que ali se acumulavam atemorizados pela água. O peregrino Ivo David estava no teto da gruta acima da água coberta em nevoa, onde nenhum os outros ali conseguira chegar. Eu me observava de onde os outros me olhavam e justo quando a escalada parecia ser impossível ali o peregrino Ivo David em desespero e aflição caia nas águas que todos temiam. Sim eu caí.
O orgulho traz a queda.
Minha visão ja não era distante, mas em mim mesmo novamente quando eu gritava e sentia minhas pernas sendo puxadas pelo lamaçal que estava abaixo da nevoa. A sensação era de uma areia movediça que todo movimento meu só me traria mais próximo da minha morte. Eu gritava "Eu vou morrer! Eu vou morre!" olhando para os outros. Não foi a minha percepção que me trouxe a consciência mas a deles quando gritavam "Calma Ivo, vc ja passou por tanta coisa pior! Confia! Siga adiante!". Aquelas palavras me trouxeram ânimo e força, me lembrei "sim é verdade, eu ja estou morto para este mundo! O que tenho a temer? Eu ja passei pelas águas batismais!" Foi aí que uma consciência súbita me tomou a mente de que poderia nadar naquelas águas fétidas. Aos poucos fui virando as costas para os que ali estavam; dentre eles reconheci a Dani de BH. Aquela queda me trouxe sentido, Deus usou a meu fracasso para mostrar para todos que ali estavam que era possível nadar por aquelas águas que todos temiam, bastava morrer para si mesmo.
//A fé se opõe mesmo a visão! Para entrar na gruta, não podemos ver nada do que la está.. e no túnel a visão só te traz escuridão. É a fé que nos guia e não nosso treinamento de igreja para escalar as paredes ou o teto. Devemos todos passar pela morte continuamente na caminhada de volta para casa. Eu senti que ali neste sonho se confirmou a minha experiencia de batismo e relembrando dela eu teria forças para nadar nas águas da morte.
//Para quem não se sabe eu tenho passado por uma fase onde o mundo tem oferecido atalhos para a solidão do caminho e está sendo muito difícil para mim. Eu tenho tentado de todas as formas "escalar as paredes" para não precisar morrer para o mundo, mas Deus do seu jeito (que implica em minha falha) me leva novamente a água da morte para negar os atalhos que o mundo oferece.. desta forma Deus tem me confortado de que devo nadar no escuro pela fé. Este é o caminho para casa! Em seu tempo ele me trará a companhia que busco e tanto sinto falta em minha caminhada.
//Neste sonho também Deus me mostrou o quão importante é que a gente se livre dos "tijolos" que guardamos em nossa mochila. Afinal a caminhada é árdua e na água estamos fadados a afundar se estivermos sobrecarregados de fardos deste mundo.
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