Parte 1-De Volta as Aulas
Com a mochila nas costas caminho em direção a minha sala de aula; já estava em frente a secretaria quando percebo que algo não esta certo. Havia esquecido algo em casa, não era livros, obviamente não era mochila e nem material escolar, era a roupa! Eu tinha esquecido de trocar o meu pijama antes de sair de casa, vou te descrever a cena:
Estava descalço, sem calça, sem camisa, com mochila nas costas e apenas com meu boxer de homem aranha que uso para dormir.
Quando percebi o meu estado logo me joguei para dentro do banheiro a minha direita, enquanto entrava o Carlos(professor de geografia) da umas belas gargalhadas quando me via daquele jeito. O banheiro que entrei era mais um boxe com uma privada do que um banheiro propriamente dito, e a porta do boxe tendia a abrir sozinha, como não tinha nenhuma tranca, para fazer minhas necessidades era necessário encostar as costas na porta e mirar na privada do outro lado do banheiro. Foi um desastre!
Bem, saindo dali, me direcionei o mais rapidamente em direção a minha sala de aula, com esperança de alguém me emprestar roupa. O que foi para o meu agrado é que tinha uma camisa de frio em cima de uma das primeiras carteiras. Vesti-a e depois perguntei quem era o dono, sorte minha chegou o Bruno Tardin e o Gabriel Cavalcante na sala e descobri pertencer ao Bruno; nada mais conveniente. Com a camisa de frio chegando uns
A sala já não estava cheia de carteiras de estudo, mas pelo contrario, sala estava cheia de beliches velhas e maltratadas. Em cada cama havia um rapaz mais ou menos da minha idade. Todos de uniforme pálido de cima a baixo, inclusive eu.
Vi um homem de farda entrando, armado, e quando ele entra, todos se põem de pé em frente a sua cama olhando para o oficial. Estava em um centro de reabilitação de menores infratores; eu era um deles, mas o que será que eu fiz? Algo me dizia que havia roubado alguém, algo muito importante, mas não lembro de nada.
“Todos se dirijam lá fora imediatamente, vocês tem visitas.”
Todos seguiram em fila até uma área com grades bem altas com mesas, cada uma com 4 bancos. Em todas as mesas tinham dois rapazes já a nossa espera, cada detento se dirigiu a um banco vazio para ver de que se tratava. Eram alunos do colégio Pitágoras que vieram visitar-nos.
Eles haviam preparado uma aula de matemática para a gente, só que o nervosismo deles não os deixou lecionar o que prepararam. “De onde vocês são?” Perguntei. “Do colégio Pitágoras de Barbacena” um respondeu e continuou “A gente preparou uma aula de matemática para vocês...”. “Estou mais interessado sobre vocês do que sobre esta aula de matemática suas.”.
Acho que eles ficaram mais tranqüilos em saberem que eu sou um humano também depois de eu ter falado mais sobre mim e eles um pouco sobre eles. Fomos subitamente interrompidos pelo rapaz que me acompanhava dizendo “Pode ficar tranqüilos que nos não vamos ficar aqui muito tempo, né Ivo?”; “Como assim?” perguntou um deles. “Nos vamos ...” e fez um sinal de fugir.
Ele estava não só quebrando o sigilo como estava me incriminando de algo que eu não faria. Será que eu havia combinado com ele que faria quilo? Afinal o que me fez cair naquele buraco? O que fiz de errado?
De repente soa um alarme como se alguém tivesse fugido. Olho a minha volta e vejo o prédio ao lado (prédio de Reabilitação de Infratoras) alguém havia fugido lá. Vi minha irmã ajudando um policial, apesar de ser uma das prisioneiras, a guiar uns cachorros para caçar quem havia fugido.
Sensação horrível a de estar preso e de saber que teria de ficar mais uns 3 anos na gaiola... sorte minha que fui sentindo a culpa sair de mim aos poucos enquanto ia vagarosamente recuperando os meus sentidos até que finalmente acordei!
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